Por gostar do movimento pegava o carro, colocava Artor Piazzolla para embalar os momentos e saía sem rumo, sem destino certo. Cada um tem sua mania e nesses tempos desprovidos de tempo muitos poderiam considerar esse hábito uma grande perda de tempo. Joana aprecia ver o mundo pelas janelas do automóvel, imaginando outras vidas, povoando seu imaginário com entrelaçamentos. Gosta de fazer isso em movimento e foi num desses percursos que viu a placa “aulas de tango”. Coincidência? No exato momento em que ouvia Piazzolla? Sentiu um chamado irrefreável, estacionou o carro e foi assim que começou a ter aulas de tango.
As aulas de tango tem sido fonte de grandes lições para Joana. Por exemplo: o amor. Amar é como dançar tango. Ou você se entrega ou não existe possibilidade de existência compartilhada. O amor, assim como o tango, tem um ritmo próprio, exige entrelaçamento entre corpos e almas, sedução constante, um contínuo aflorar do desejo. Dançando tango Joana entendeu porque seu romance não continuou. A primeira aula de tango foi difícil. Joana tensa, travada, não se deixava levar. Para dançar tango você precisa permitir que o parceiro te conduza e muitas vezes as pessoas estão prisioneiras de seus próprios infernos. No amor e no tango só existe beleza e harmonia com confiança e entrega. Com o tempo, dançando tango, entregando-se aos momentos, foi que a ficha caiu e Joana entendeu. Dançando sentiu como a realidade aconteceu, por mais que tivesse racionalizado antes inúmeras vezes. Somente pelo sentimento que entendemos o sentido de tudo.
Ainda sofria por esse amor. Um amor que parecia ter portas abertas. O problema é que apenas Joana abriu portas. A consciência de que seus passos eram solitários surgiu em um momento tardio, quando todos os passos que marcam o espírito já haviam sido dados. Várias portas foram abertas e não havia mais fórmula alguma capaz de fechá-las. Joana não pensou antes de dar o primeiro passo. Queria muito dançar e foi tudo rápido e intenso, uma vida inteira em um segundo, uma história de amor de corredor, passional, urgente, frenética, que deixa as pupilas dilatadas, que te arranca a consciência, acende tudo por dentro, queima, arde, incendeia. Como um encontro esperado por toda a vida e no momento que você vê a pessoa pela primeira vez, quando os olhares se reconhecem, tudo passa a fazer sentido, tudo o que você viveu antes, todas as dores e alegrias, perdas e ganhos, tudo parece integrar um preparo para que se possa viver plenamente um grande amor e nada mais faz sentido se a vida não for acompanhada daquela pessoa. Você sabe do que eu falo? Já amou alguma vez assim? Já se despediu do medo e se jogou no abismo sem medo da queda? Já amou realmente alguém de verdade? Com todos os anjos e demônios que a pessoa possui? Você já dançou tango com alguém?
Desistiram antes de tentar acertar os passos, de encontrar o ritmo em comum. Algo que só pode acontecer com a cumplicidade do tempo. Não no intervalo de um passo. Dançando tango, entre um passo e outro, Joana soube que todos os castelos construídos eram de areia. Infelizmente teria que arcar com o buraco deixado por uma história abortada. Em sua mão um único grão, que ela teimava em querer explodir, talvez repetir o big-bang, criando outro universo. O grão foi seu sustentáculo na fronteira. Foi o que a impediu de passar para o lado das perdas para sempre perdidas. O grão explodiu, fez-se movimento e Joana começou a dançar.
As aulas de tango tem sido fonte de grandes lições para Joana. Por exemplo: o amor. Amar é como dançar tango. Ou você se entrega ou não existe possibilidade de existência compartilhada. O amor, assim como o tango, tem um ritmo próprio, exige entrelaçamento entre corpos e almas, sedução constante, um contínuo aflorar do desejo. Dançando tango Joana entendeu porque seu romance não continuou. A primeira aula de tango foi difícil. Joana tensa, travada, não se deixava levar. Para dançar tango você precisa permitir que o parceiro te conduza e muitas vezes as pessoas estão prisioneiras de seus próprios infernos. No amor e no tango só existe beleza e harmonia com confiança e entrega. Com o tempo, dançando tango, entregando-se aos momentos, foi que a ficha caiu e Joana entendeu. Dançando sentiu como a realidade aconteceu, por mais que tivesse racionalizado antes inúmeras vezes. Somente pelo sentimento que entendemos o sentido de tudo.
Ainda sofria por esse amor. Um amor que parecia ter portas abertas. O problema é que apenas Joana abriu portas. A consciência de que seus passos eram solitários surgiu em um momento tardio, quando todos os passos que marcam o espírito já haviam sido dados. Várias portas foram abertas e não havia mais fórmula alguma capaz de fechá-las. Joana não pensou antes de dar o primeiro passo. Queria muito dançar e foi tudo rápido e intenso, uma vida inteira em um segundo, uma história de amor de corredor, passional, urgente, frenética, que deixa as pupilas dilatadas, que te arranca a consciência, acende tudo por dentro, queima, arde, incendeia. Como um encontro esperado por toda a vida e no momento que você vê a pessoa pela primeira vez, quando os olhares se reconhecem, tudo passa a fazer sentido, tudo o que você viveu antes, todas as dores e alegrias, perdas e ganhos, tudo parece integrar um preparo para que se possa viver plenamente um grande amor e nada mais faz sentido se a vida não for acompanhada daquela pessoa. Você sabe do que eu falo? Já amou alguma vez assim? Já se despediu do medo e se jogou no abismo sem medo da queda? Já amou realmente alguém de verdade? Com todos os anjos e demônios que a pessoa possui? Você já dançou tango com alguém?
Desistiram antes de tentar acertar os passos, de encontrar o ritmo em comum. Algo que só pode acontecer com a cumplicidade do tempo. Não no intervalo de um passo. Dançando tango, entre um passo e outro, Joana soube que todos os castelos construídos eram de areia. Infelizmente teria que arcar com o buraco deixado por uma história abortada. Em sua mão um único grão, que ela teimava em querer explodir, talvez repetir o big-bang, criando outro universo. O grão foi seu sustentáculo na fronteira. Foi o que a impediu de passar para o lado das perdas para sempre perdidas. O grão explodiu, fez-se movimento e Joana começou a dançar.
Assim foi o amor de Joana. Tem seus tons tristes pois, com a mesma urgência que chegou, foi embora. Eles não dançaram juntos. Entretanto, esse amor vivido e sofrido foi essencial para que Joana entendesse o tango. O bom dançarino sabe que sempre haverá uma próxima dança para quem se permitir a entrega.
Joana, mulher que se permite, desejo que sua próxima dança seja compartilhada. Que seja um tango!
Joana, mulher que se permite, desejo que sua próxima dança seja compartilhada. Que seja um tango!
5 comentários:
Ana linda... que coisa mais linda!!! vamos em busca de uma próxima dança! e, que seja um tango =).
Pois é, imagino assim mesmo o amor, um dueto que já vem cadenciado por um ritmo, como que recebendo e sintomizando o encontro. "Para dançar tango você precisa permitir que o parceiro te conduza e muitas vezes as pessoas estão prisioneiras de seus próprios infernos.". Isso mesmo, os que se jogam, se entregam fazem dançar o seus demônios. Bravo Ana! bjs
Movimento! Na vida, no amor e no Tango! Que venha a próxima dança.
Amei o texto, Ana! Um beijo grande em ti. :)
Sei que não gosta que te chame de professora, pois isso é muito formal. Ok! vou obedecer ao teu pedido, mas não tire de mim o desejo de te chamar de 'mestra'. Percebo agora que nossas aulas de sexta foram como um maravilhoso tango e admito: vc soube me conduzir bem. Às vezes ainda me pergunto se estou preparado para outra dança, ai li essa parte do texto: “O bom dançarino sabe que sempre haverá uma próxima dança para quem se permitir a entrega.”. Juro vou pensar com mais carinho. Por ora vou ensaiando sozinho a minha dança em frente ao espelho, assim, posso já antecipar o passo perfeito quando estiver acompanhado.
Bjo de seu eterno aprendiz...
eDu
Edu, já estou com tanta saudade! não some!
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