segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O que quer o humano


Nas Filipinas nasceu um bebê inaugurando simbolicamente a marca dos 7 bilhões de pessoas. Tanta gente pelo mundo e eu no meio do formigueiro lançando meus por quês. Se a gente parar para avaliar o crescimento populacional e o estilo de vida que somos incentivados a aderir, corremos assustados. Afinal de contas a gente já corre! Doutrinados pela ditadura da produtividade não se pode perder tempo. Se em um século pulamos de 1 bilhão para 7 bilhões, também proliferaram as necessidades artificiais gravando a marca da pessoa multitarefa. Recheadas de afazeres e a máquina humana vez ou outra pifa, dá colapso: depressão, ansiedade, transtornos obsessivos, mas não importa, na teia produtiva o que vale é o resultado, mesmo que seja caverna adentro.
Vivemos uma época de festejo dos números, a apologia dos rankings. Como educadora vivo uma inquietação constante no cenário que observo, na publicidade das escolas e faculdades buscando clientes. Colocam a tecnologia como principal atrativo, quando ela é apoio, ferramenta, auxílio. Além disso, o estampar na educação tem sido a ditadura da competitividade, de quem são os “melhores” e qual escola é mais eficiente para te conduzir ao ranking, ao topo, à glória de ser um vencedor no mercado de trabalho. Li uma entrevista da professora Cristiane Gottschalk, no qual destaco: “Acredita-se no poder mítico dos números e esquece-se que o ensino tem objetivos que não são passíveis de mensuração quantitativa.” (Revista Cult).
Acredito mesmo é no que não pode ser mensurado, na surpresa de cada ser humano que se descobre único na caminhada da vida, no que ele aprende a viver como mestre de si em sua relação com o outro. Não simpatizo com a pedagogia das competências. Acredito em outras formas de encontro, de aprendizado de vida. A escola não pode se furtar desta dimensão de incentivo à sensibilidade. Na real: humanos querem humanos. Querem relações pelo canal do sentimento, querem compartilhar sonhos e construir o possível, o sendo da vida, juntos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Bem que poderia seu a minha menina a nº 7 bilhões no mundo,
né prof?

Rosana disse...

Professora, continue lançando os seus por quês por favor. Com o avanço da tecnologia as pessoas estão esquecendo que a tecnologia está à serviço dos humanos e não o contrário. Ainda bem que existe a arte pra nos conectar com nós mesmos...

simóes disse...

professora gostei muito do seu comentário!fico muito orgolhosa por ser sua aluna bjus, margarete simões.