Estive recentemente caminhando pelos corredores do cárcere: realizei uma visita de campo ao Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira, o IPPOO II, em Itaitinga – CE..
A visita de campo foi um desdobramento da discussão teórica do tópico que ministrei sobre antropologia criminal, para os estudantes do curso de psicologia.
Quem acompanha a situação do sistema carcerário no Brasil já tem plantada no imaginário cenas chocantes. Cadeias e presídios que funcionam como depósito de gente. Em várias situações críticas as pessoas que estão em conflito com a lei são destinadas a viver em espaços sufocantes, na imundície e na violência.
O IPPOO II é um presídio que apresenta uma boa estrutura, se comparado a outros presídios do Estado. Mesmo assim, entrar na carceragem é uma experiência angustiante e opressora. Grades proliferam por todos os espaços. É sufocante. A carceragem é dividida em 10 espaços, chamados “vivências”. Das 10 vivências, 03 utilizam a proposta APAC, que defende uma proposta de ressocialização dos internos utilizado fundamentos cristãos. Os presos destas 3 vivências da APAC possuem alguns privilégios. Trabalham na marcenaria, na padaria, na lavanderia ou na biblioteca e todos devem ter bom comportamento. Muitos dos internos desenvolvem um viés artístico. Encontrei trabalhos muito bem executados de marchetaria e tapeçaria.
Ressalto que a presença da religiosidade é um dado muito forte. Um dos internos fez um pequeno discurso para nós com uma bíblia nas mãos. Disse em alto tom “Só Jesus transforma a vida do homem”. Recebi dele um papel de divulgação religiosa que diz ”todos somos culpados”.
Revejo o papel que o interno depositou em minhas mãos. Venho refletindo muito sobre o impacto dessa visita. Há tempos questiono o rótulo do bandido, que tanto foi infiltrado na linguagem do senso comum. e não me conformo com a facilidade dessas taxações. As relações sociais são complexas e devem ser examinadas em sua complexidade. Existe um fenômeno com o aumento da violência urbana em nosso capitalismo selvagem que é a criminalização da pobreza. E sabemos quem é que vai para o cárcere no Brasil. Os criminosos ricos, que são muitos, escapam das garras da lei. Constantemente recordo de passagens da entrevista de Vera Regina Pereira de Andrade, pós doutora
2 comentários:
Enquanto leio as linhas que por ti foram traçadas, sinto um nó na garganta! Nós enquanto sociadade nos alegramos com a condição subhumana que é a realidade do nosso cárcere! Qual a real função das PENITENCIÁrias? É de punição, segregação...E de forma tímida se é trabalhado a resocialização,o estímulo a arte e até mesmo a uma busca religiosa. É duro pensar nisso.
Bjo Laís
É a caverna, Laís, é a caverna.
Postar um comentário