terça-feira, 20 de setembro de 2011

Sem pressa

Ontem mergulhei nos poemas de Alberto Caeiro.
Este me fisgou:

Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não tenho pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente onde meu braço chega
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não onde penso.
Só me posso sentar onde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra cousa,
E somos vadios de nosso corpo.

3 comentários:

Ana Cristina Mendes disse...

pra que correr, né, aninha? hoje precisava ler algo assim... obrigada pelo lembrete em poesia! beijo com carinho!

Sérgio Costa disse...

Pra mim, Caeiro é o melhor pseudônimo de Fernando Pessoa.

Ano passado tive o prazer de visitar o Museu da Língua Portuguesa em SP e curtir uma exposição só com esse mestre lusitano.

Fiquei sem palavras diante de tantas ricas palavras! Me calei e absorvi as tessituras desse mágico.

Salve Ana Valeska!
:)

Pensamentos & Desabafos.. disse...

Amei, breves palavras e tudo que é a mais pura verdade dita..

;)

Bárbara..