No coração da tua vida

Filosofantes e poéticos desaguamos imaginantes. Para que tanta razão no mundo? Melhor enlaçar caminhos. Preciso de ti para continuar os passos de terra, água, fogo e ar. Poetizar o rumo tecido com cintilâncias, celebrando o sopro de vida que me constitui. O mistério só se revela em união: mãos entrelaçadas, olhares cúmplices e as inevitáveis dores do conviver. Sem escapatória, aprendemos a amar lançando perguntas sobre a necessidade da dor, da perda, do adeus, da morte. “O tempo ensina, dará respostas aos teus porquês”, dizia minha avó. Ela também se foi. O amor ficou. E continuou a crescer.

Viver é aprender a amar. Apesar de tudo. Continuar a amar mesmo diante do que não é bom. Apesar dos momentos que dilaceram, apesar das injustiças e traições. Amar é permitir o efeito da música em teu ser, transformando um dia cinza em uma invasão de cores. É sentir a carícia do vento. É tirar alguém do quarto escuro. Amar é aprender a começar todos os dias. É autorizar as revoluções moleculares transbordantes em sorrisos quando chega perto o ser amado. Amar é entregar-se ao outro no mais poético abandono. O amor é o movimento da vida. A maior alegria é a alegria de amar. Amar é aprender a se conhecer, mesmo que seja necessário um mergulho profundo para encontrar teu outro eu no sol que se esconde no coração da tua vida.

Crédito da imagem: foto de Patrick Walsh Netto