quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A tecnologia do amor

Pós-humano é um conceito muito estranho. Sempre que encontro referências sobre o pós-humano em algum livro de biodireito ou de sociologia, mergulho em intensas reflexões. Será que podemos situar nosso porvir em termos de pós-humanidade? Inquieto-me sobre o que caracteriza essa “evolução” da vida. É inegável que a tecnociência transformou nossa relação com o mundo. Temos meios de comunicação turbinados e máquinas potentes que garantem um trânsito fácil em cada canto da casa-Terra. Porém, o hibridismo de máquina e homem, a manipulação de nosso patrimônio genético, as experiências com clonagem e outros assuntos relacionados, tudo isso assusta. Pode fomentar uma ânsia extrema de poder a ideia de uma espécie de Super-Homem. No entanto, também causa temor.

Assusta porque falamos de um conhecimento que pode ser usado, como tudo na vida, para o bem ou para o mal.

Quando penso em inovações tecnológicas lembro que meu primeiro encontro com o mundo dos computadores aconteceu quando estava cursando a faculdade de Direito. Não faz muito tempo. Duas décadas apenas. De lá pra cá as transformações proporcionadas pelos avanços tecnológicos encantaram o mundo com novas linguagens, e possibilidades de compartilhamento. O universo jurídico também experimenta uma renovação com a virtualização dos processos. O prognóstico de um futuro próximo com a dinâmica de petições, despachos e sentenças virtuais acontecendo em tempo real traz a esperança de uma justiça mais célere.

Vi o mundo mudar tanto em pouco tempo, mas sei que a maior tecnologia ainda precisa de território para crescer. A busca humana fundamental não se realizará apenas com avanços tecnocientíficos. A grande revolução é a que acontece por dentro da gente. É quando abrimos espaço para o florescimento do amor em nossas vidas. É quando o essencial, que nos une, está livre para preencher a existência. A real evolução da vida é a tecnologia do amor.

(Texto publicado no jornal O Povo, edição de 14.02.2011).

8 comentários:

Rosana disse...

Estava lendo Jung que fala exatamente sobre isso. Isso que é inconsciente coletivo. rsrsrs

Canal Daniel Simões disse...

No fim de semana passado eu disse para alguém: "Examina isto: tecnologia espiritual".

Pós-humano é realmente um termo vindo das filosofias de eugenia.

Os horizontes das políticas mundiais casam-se com as inimagináveis experiências laboratoriais financiadas pela indústria farmacêutica, alimentar e primeiramente pela indústria militar, fundindo-se em algo realmente assustador.

Porém, a esperança mantém-se!!!

Anônimo disse...

É realmente assustadora esta expressão pós-humano, nos remete ao medo do super poderoso com precedentes do temor e do castigo se não houver uma adequação de nossa parte a essas novas tecnologias.Felizmente sabemos que sem nossa participação estas máquinas não funcionam.Ainda estamos no controle.

Carol Morais disse...

Que espaço maravilhoso! Gostei bastante. Teus escritos são embebidos em candura. Passa lá no Desmondier!
Um abraço!

Ana Valeska Maia disse...

Olá Carol!
Agradecida.
Passo sim.
Bjs.

Unknown disse...

Como sempre, você se supera. Brilhante seu texto!
Adorei, quisera outros também pensarem assim e divulgarem...

Ana Valeska Maia disse...

Legal Heitor!

Anônimo disse...

Que texto fantástico! É incrível como qualquer assunto vira poesia quando você resolve escrever... Um beijo Ana, saudades de você!
Camila Fonteles