quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Memórias da chuva

Chovia. Saí de casa apressada. Pela janela do carro vejo uma menininha, de uns seis ou sete anos, tomando banho de chuva com um senhor idoso, imagino que avô da garota. A menininha tremia de frio, estava com os lábios arroxeados e um semblante feliz desfrutando o momento lúdico. Gravei a imagem da menininha na chuva talvez pelo que causou em mim, um retrospecto de minha própria história, quando eu era criança e sorria farto procurando as melhores bicas pela rua em dias de chuva forte. Parava de chover, minha avó sempre estava esperando com uma toalha felpuda e me recebia com festa, aos abraços.

Mais tarde, acompanho pela tv o sofrimento na região serrana do Rio de Janeiro, vejo o outro lado da chuva. A face da água que chega com força de dilúvio e a tudo arrasta, soterrando casas, árvores, pessoas. A natureza dá o recado, mostra seu poder para a insensatez humana que, provavelmente, mais uma vez a ignorará. Afinal, o imediatismo impera onde não poderia ter licença para tal: na cabeça dos dirigentes públicos. As cenas se repetem: os mortos serão sepultados, as cidades serão reconstruídas, e a vida humana, até quando continuará? Em 2008 escrevi um texto sobre uma enchente que vitimou um grande número de pessoas e ressaltei o anúncio do que está por vir em uma escala maior e irrefreável. Pego meu exemplar de “A vingança de gaia”, de James Lovelock e pretendo, mais tarde, reler a obra, enquanto uma grande parcela dos brasileiros estará assistindo ao Big Brother, infelizmente.

6 comentários:

Myrlya disse...

Gosto como as pallavras forma idéias no seu texto, tão simples e dóceis, como você mesma, a ainda assim mostram sua tristeza e indignação, de forma tão sensível e inteligente. Parabéns.
Estou começando nos passos de colocar as idéias no papel, um pouco cambaleante, mas estou tentando.
Confere no meu blog:
http://todoinfinitoparticular.blogspot.com/

Eduardo Porto disse...

Meu pai está muito triste pois nasceu em Nova Friburgo, cidade com maior número de vítimas. Ele pretendia nos levar esse ano para conhecermos a cidade que ele nasceu e passou boa parte da infância. Triste. Vi hoje no jornal um homem que perdeu a esposa nas enxurradas, ficou gravado na memória o que ele disse em meio as lágrimas: "Faltou um dedo para que eu salvasse minha esposa. Só consegui salvar nosso anel. Que fossem os anéis, mas que ficassem os dedos."

Eu espero sinceramente que Deus abençoe e dê uma nova esperança de vida a essas pessoas. Nessa hora a gente se agarra ao que pode.

Canal Daniel Simões disse...

A intensificação das tempestades na Terra tem diretamente a haver com a intensificação das tempestades solares. A NASA já alertou para o aumento das tempestades solares em 2011 atingindo o ápice em 2012. O aquecimento global devido às emissões de carbono é uma farsa global somente instaurar o primeiro imposto mundial: o imposto sobre o CO2. Num conjunto, o campo magnético da Terra acelerou a sua deslocação, estando agora a desviar-se 40Milhas/ano na direção da Rússia: aeroportos de todo o mundo estão se reestruturando devido a este fato. A Nova Era abre um portal de oportunidades para a purificação espiritual, porém, devido à insensatez de muitos, esta oportunidade é acompanhada por acontecimentos menos bons.

Anônimo disse...

De fato Ana, enquanto há pessoas como você que se preocupam com a humanidade, outras pouco se lixam, e querem apenas ver o Big Brother! é lastimável... Camila Fonteles!

Elaine Sá disse...

Particularmente eu adoro chuva.Amo o som das gotas caindo,o colorido das plantas molhadas,o cheiro...Mas por outro lado sinto-me culpada por gostar tanto por enquanto que tantas pessoas sofrem com inundações,desabamentos etc.Fora os bichinhos que ficam na rua sem ter onde se abrigarem.Falando nisso chorei horrores com o video do resgate daquela senhora,quando ela deixa escapar o cachorro...Ai me deu uma dor no coração ver aquilo,muito chato.

Anônimo disse...

Me chamou muita atenção o que uma voluntária e moradora desses morros disse com lágrimas nos olho: "As vítimas são diferentes, mas o cenário é o mesmo..." Camila Fonteles