segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Misturando Arte e Direito

Quando cursei a graduação em Direito os livros indicados para estudo eram cinzentos: a escrita era formal e positivista ao extremo. Eu, que sempre acreditei que a vida é uma obra de arte em contínua criação, fui ficando triste com o universo jurídico seco e duro. Fui fazer outro curso – graduação em artes visuais – depois cursei o mestrado e durante este tempo multicolorido fiquei afastada do direito. Fui voltando aos pouquinhos e fico feliz de ver o quanto a percepção dos integrantes deste universo vem mudando. O primeiro impacto da mudança veio com a escrita de Luis Alberto Warat e sua proposta surrealista de fundir os sonhos com a vida. Depois, Goffredo Telles Júnior e o Direito Quântico. Também neste autor reside a escrita de um primeiro mandamento: os legisladores e os operadores jurídicos sinceros, estão na construção de seus edifícios normativos, guiados pela fonte natural do direito. Esta fonte se chama amor. Lindo! Sempre vibro ao reler essas notas de sabedoria. Como a norma é misturar, logo surge por aqui o poeta da música Gonzaguinha, que sempre coloco nas aulas sobre o princípio da dignidade da pessoa humana: E a vida, e a vida o que é diga lá meu irmão / Ela é a batida de um coração? Sou convicta de que a arte humaniza o direito. É pela sensibilidade que você percebe a dimensão do outro. Pode ser pela literatura, teatro, música, artes visuais, dança, cinema. Se o assunto for a liberdade que a Constituição trata que tal uma nota de Cecília Meireles? “Liberdade. Esta palavra que o sonho humano alimenta não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”. Ah, se eu for colocar aqui o quanto podemos falar do direito utilizando a linguagem da arte levaria toda a produção do blog. É um território sem fim. Por esses dias adquiri o Curso de Direito Constitucional Contemporâneo, de Luís Roberto Barroso. Na introdução da obra ele já anuncia sua percepção de mundo: "Trata-se de uma atitude diante da vida: o poder deve ser legítimo e limitado; quem não pensa igual a mim não é meu inimigo, mas meu parceiro na construção de uma sociedade plural; as oportunidades devem ser iguais para todos; quem se perdeu no caminho precisa de ajuda, e não de desprezo; toda vida fracassada é uma perda para a humanidade. Por isso mesmo o Estado, a sociedade e o Direito devem funcionar de modo a permitir que cada um seja o melhor que possa ser."

Creio que ele falou tudo!

Boa semeadura para a semana!
h, se eu for colocar aqui o quanto podemos falar do direito utilizando a linguagem da arte

5 comentários:

Corpo meu, minha morada! disse...

Viva o DIREITO/ARTE!!!!

Assim como Warat, Barroso, Telles Jr, Você desperta o desejo e a esperaça de um direito poÉTICO!

Arrancou nossa vendas e estimulou o olhar ampliado!

Você faz parte da minha história!

Te amo,

Laís

Ana Valeska Maia disse...

E você da minha!!!!
Também te amo minha flor!

Honório Teixeira Melo Neto disse...

Quem viveu e quem vive sabe bem transmitir. Obrigado Ana, por me ajudar a quebrar muitas correntes que nos aprisionam.

É dessa sensibilidade que precisamos para chegarmos mais próximos da justiça.

Honório

Anônimo disse...

Lindo! O texto, as citações, os poemas, a concepção... tudo!
Bom, voltar ao blog e ser surpreendido (mais uma vez) por tão belas palavras.
Bj.,
Jô.

Ana Valeska Maia disse...

Bjs para os dois!!!!!!