terça-feira, 9 de novembro de 2010

O tempo


Há tempos venho refletindo sobre o tempo.

Tempo é força que intriga.

Afinal, o que é o tempo?

Quando penso sobre o tempo penso em espaços, presenças e ausências. No que foi e no que não foi. No que tive e no que não tive. Lembro do que esperei, do que chegou e do que nunca chegou. Penso também em todos os calendários que já foram meus, de parede, de mesa, calendários com imagens de obras de arte, outros feios, bregas mesmo, divulgando a marca das empresas x ou y. Atualmente tenho um calendário da OAB, que não me agrada, mas foi o único que ganhei em 2010. Olhei tanto para aqueles papéis numerando a passagem do tempo, classificando a vida em passado, presente e futuro. Ser humano adora classificar, catalogar, medir. E os relógios? Tic-tac, tic-tac, marcando cada segundo. Gera ansiedade, tensão, neurose, stress. Atualmente estamos sempre atrasados e nunca dá tempo. Olho para mim, vejo minha imagem no espelho, noto as transformações. As pessoas têm medo do tempo, das mudanças no corpo, das rugas, cabelos brancos, flacidez, doenças. Acho que as pessoas tem medo do julgamento dos outros mais do que tem medo da morte. Será? Nem sei. Acho que tenho esses medos também. Com o tempo venho cansando dos papéis, (pode interpretar essa afirmação da maneira como você quiser, ela é extensiva mesmo). Vou apenas vivendo e o tempo vem comigo. É isso que intriga no tempo. Ele não é linear como diz o calendário. Ao mesmo tempo estão comigo o tempo do universo, do surgimento da vida, do surgimento da vida humana, da história documentada, da minha própria existência. E eu dependo de todos esses tempos e ao mesmo tempo, todos acontecem e integram o agora.

O tempo manchou as paredes da minha casa. Elas estão sujas. Quando der tempo vou pintar tudo de branco.

E recomeçar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Também ando de saco cheio com o tempo corrido. Coincidência, aninha, ter lido seu texto agora, logo quando tenho pensado tanto sobre isso.
Ontem lembrei de algo que gosto muito: ficar de perna pro ar... fixar o olhar em algo e deixar ele ver imagens, desenhos com linhas pretas, tênues e escorregadias. E em seu tempo, elas desenham mesmo. Adoro!

fiquei pensando se eu gosto tanto disso, porque correr tanto? pois bem, somos duas que precisamos rever nossos tempos e assim, encontrmos nosso tempo mais dilatado, mais fiel a nós mesmas.

obrigada por me lembrar, de novo.

beijo grande, amiga-ana-irmã

Steven Douglas disse...

Tic-tac, tic-tac.. ta passando a cada nova palavra que escrevo. As palavras são passado, as sílabas também.. a última letra que escrevi.. o ano anterior, o carnaval, o dia de ontem, o hoje de manhã, o sol.. é passado.. alguns ''eus'' são passado. Acho que a única coisa que escapa das variações (muitas vezes cíclicas) do ''tic-tac'' é a essência.

Amei Tessituras, Ana. A sua essência é atemporal!

beijos.

Anônimo disse...

O Tempo tem duas faces, uma é cruel quando nos limita, nos encolhe e nos avisa que estamos chegando no final da caminhada. A sua outra face é um bálsamo para as nossas dores e nos permite amadurecer e aceitar a vida como ela é ,sem hipocrisias e disfarces,e nos dá oportunidade de sermos mais livres e menos dependentes dos achismos e preconceitos alheios.