sexta-feira, 14 de maio de 2010

Do delírio ao dilúvio

Um dilúvio atravessava o caminho de volta pra casa. O clima de fora, intenso, cúmplice do delírio de dentro. O que brota deste diálogo? Inquieto-me. A vida inventa turbilhões inesperados, quase tremo demais quando um frio largo percorre a espinha e anuncia mais uma caminhada em territórios desconhecidos. O que a vida que agora chove tenta me dizer? Outro código a ser decifrado? Outro processo exaustivo, batendo pedras, enfrentando adagas, escalando barreiras, desconstruindo limites, garimpando a chave para abrir o invólucro e encantar-me com o segredo que flui à espera do encontro, ansioso por um beijo úmido? A água que jorra tem o tamanho da minha sede, da minha errância, de meu corpo sedento que preservo como condição de estar viva. Noite, chuva, nuvens carregadas, estrelas ocultas e eu, na sintonia do incompreensível, na frequencia do que não pode ser captado, na mescla da densidade, na instabilidade do delírio e do dilúvio que faz caminho sinuoso e eu, a me reconhecer mais quando escapo do esperado, do planejado, do pré fabricado, do que esperam de mim. Quero saber o que está atrás da chuva, do delírio e do dilúvio. Talvez lá esteja eu e a verdade a conversar comigo. Ou provavelmente lá esteja ninguém e eu aprenda, finalmente, o que é, tudo.

Um comentário:

Franzé Oliveira disse...

Me fez lembrar:

" Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria sol
Mas só chove, chove
Chove, Chove..." (Kiko Zambianchi)

Beijos menina linda.