segunda-feira, 26 de abril de 2010

A coragem de José Maria

A fartura de frutas, legumes e verduras no supermercado transporta uma realidade oculta. Enquanto escolhemos a fruta que gostamos sem levar muito em consideração a quantidade de veneno que vem com ela, aviões despejam chuva tóxica nas casas de moradores e nas terras que sustentam o ciclo do alimento. Crianças e adultos são surpreendidos com um banho de veneno que faz arder os olhos e travar a garganta. O agrotóxico penetra no solo, contamina o alimento, atinge o fluxo da água, aumenta os casos de doenças graves, por exemplo, o câncer. A indignação aflora e pessoas manifestam o pensamento contrário ao modelo desenvolvimentista que esmaga a vida em nome do crescimento econômico. Um homem, chamado José Maria Filho, fez uma defesa intensa da liberdade e da dignidade da pessoa humana, do direito a um meio ambiente equilibrado, denunciou abusos relacionados à prática do agronegócio na Chapada do Apodi, fez a defesa comunitária da população atingida em sua integridade física e psíquica pela utilização intensiva de agrotóxicos por grandes empresas de plantio e exportação da fruticultura irrigada na região. Como nossa Constituição Federal permite a livre manifestação do pensamento ele colocava a realidade dos fatos em público e incomodou bastante aos poderosos do dinheiro que preferem uma democracia de pessoas dóceis e silenciosas. José Maria Filho, presidente da Associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra na Chapada do Apodi, foi assassinado com todas as características de crime de pistolagem, com 19 tiros, em uma estrada de Limoeiro do Norte -CE, no caminho de volta para casa, na localidade de Sítio Tomé, no dia 21 de abril de 2010, feriado de Tiradentes. Ele sabia do risco que corria e não parou a luta. Com sua coragem abriu espaço para que mais pessoas façam campanhas de oposição para o que é degradante da condição humana e planetária, lembrando que é a união que faz a força. Ele nos deixa o exemplo de uma pessoa que não se deixou intimidar diante das coações do poder estabelecido. O que faremos agora com nosso legado é a grande indagação.

7 comentários:

Anônimo disse...

(Jo)Ana, o martírio de Ze Maria, da comunidade do Tome' e' um escândalo em pleno século XXI e nos chama 'a luta por uma nova relação da humanidade com a natureza e consigo mesma.
Urgente e necessária transformação individual e coletiva, material e espiritual, ecológica e econômica.
Bj grande nesse coração amoroso e solidário,
Jô.

Ana Valeska Maia disse...

Eu acredito e faço parte dos que querem a mudança qualitativa para todos.
A corrupção do dinheiro é um escândalo e lamentavelmente conta com a conivência do Estado.
É triste ver as pessoas cegas pelo bezerro de ouro do mercado.
Acabando com a vida.
Um beijo Jô.

Eduardo Porto disse...

Porque no Brasil não mais exemplos como Chico Mendes, Luther King, José Maria que tanto lutam por liberdade, emprego, espaço? O problema é que nos deixamos levar pelo medo.

Talvez o medo seja o motor dessa sociedade.

Ana Valeska Maia disse...

Eduardo,
Quando penso no que o medo faz sempre lembro do Mestre Yoda.
Que a força esteja com você.
Bjo.

Daniel Simões disse...

Olá, Ana.

Na mesma linha deste post, busque

"chem trails".

Bem haja

Anônimo disse...

E agora Aninha!!!???

Eu, você, o pobre do José Maria e muito mais gente... gente muito boa que vai sendo engolida pela ganância... Você vítima dos bandidos clonadores e sabe lá Deus mais o quê? Todos nós comendo veneno e agora o mar está se transformando em petróleo...

Steven Douglas disse...

É uma pena.. mais um grande homem engolido pelo sistema. Podem matar o homem, mas jamais matam sua historia. Ele deixou o bom exemplo, fez o que podia e foi até as últimas consequencias. Certamente se existisse milhões de Zé Marias o sistema e a ganância não conseguiriam matar todos eles.Muitos andam de mãos dadas com o sistemas.. outros não o percebem (a grande maioria) e o restante tem medo.