Tem dias que o sistema de dominação pesa. A angústia avisa que não dá para compactuar com o estabelecido, é preciso fazer mais para escapar do mecanicismo dos dias sensatos demais. Esse movimento busca encapsular minha ação e ao mesmo tempo instiga meu espírito inquieto. Tenho trabalhado tanto ultimamente e tenho sido omissa com o mundo dos sonhos, das sutilezas, das delicadezas e das pequenas ações que encantam a vida. Se eu deixar a burocracia me engole. Não dá pra viver sem poesia. Revi Waking life e pensei tanto na vida de formigas operárias que levamos. Repetindo o insípido mesmo, sem tempo e constantemente a correr. Ah, eu quero tanto poder ter o tempo necessário para sempre te ver de verdade. Para sempre ouvir os versos das canções. Quero encontros reais com você. Enquanto refletia toca "Cara a cara", do Chico Buarque. A letra é atualíssima e minha possibilidade de resistência à opressão reinventa caminhos.
Vamos recomeçar?
Cara a Cara
Composição: Chico Buarque
Tenho um peito de lata
E um nó de gravata no coração
Tenho uma vida sensata
Sem emoção
Tenho uma pressa danada
Não paro pra nada
Não presto atenção
Nos versos desta canção
Inútil
Tira a pedra do caminho
Serve mais um vinho
Bota vento no moinho
Bota pra correr
Bota força nessa coisa
Que se a coisa pára
A gente fica cara a cara
Cara a cara cara a cara
Bota lenha na fornalha
Põe fogo na palha
Bota fogo na batalha
Bota pra ferver
Bota força nessa coisa
Que se a coisa pára
A gente fica cara a cara
Cara a cara cara a cara
Tenho um metro quadrado
Um olho vidrado
E a televisão
Tenho um sorriso comprado
A prestação
Tenho uma pressa danada
Não paro pra nada
Não presto atenção
Nas cordas desse violão
Inútil
Tenho o passo marcado
O rumo traçado sem discussão
Tenho um encontro marcado
Com a solidão
Tenho uma pressa danada
Não moro do lado
Não me chamo João
Não gosto nem digo que não
É inútil
Tira a pedra do caminho
Serve mais um vinho
Bota vento no moinho
Bota pra correr
Bota força nessa coisa
Que se a coisa pára
A gente fica cara a cara
Cara a cara cara a cara
Vou correndo, vou-me embora
Faço um bota-fora
Pega um lenço agita e chora
Cumpre o seu dever
Bota força nessa coisa
Que se a coisa pára
A gente fica cara a cara
Cara a cara cara a cara
Com o que não quer ver
4 comentários:
Podes sempre contar comigo e com minha espada minha linda. Juntos a gente tem sido e continuaremos sendo sempre forte. Beijo grande, te amo.
Me ausentarei da blogesfera por uns dias. Sentirei saudades.
Beijos com carinho.
Ola Ana to passando aqui pra ti convidar a participar de um sorteio no me blog.
Devido uma aposta que o Franzé perdeu vamos fazer um sorteio, adoraria que você participasse.
bjos
Espero sua visita
=]
Ana, a Cecília Meireles das crônicas, que fala do coração ao mundo. Grudada ao rochedo vocifera com o discruso da arte contra o mar tempestuoso do mundo que a oprime, semenado utopias nos ventos que farão chover sobre o mundo terrestre adiante.
www.valdecyalves.blogspot.com
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