terça-feira, 16 de março de 2010

Cara a cara

Tem dias que o sistema de dominação pesa. A angústia avisa que não dá para compactuar com o estabelecido, é preciso fazer mais para escapar do mecanicismo dos dias sensatos demais. Esse movimento busca encapsular minha ação e ao mesmo tempo instiga meu espírito inquieto. Tenho trabalhado tanto ultimamente e tenho sido omissa com o mundo dos sonhos, das sutilezas, das delicadezas e das pequenas ações que encantam a vida. Se eu deixar a burocracia me engole. Não dá pra viver sem poesia. Revi Waking life e pensei tanto na vida de formigas operárias que levamos. Repetindo o insípido mesmo, sem tempo e constantemente a correr. Ah, eu quero tanto poder ter o tempo necessário para sempre te ver de verdade. Para sempre ouvir os versos das canções. Quero encontros reais com você. Enquanto refletia toca "Cara a cara", do Chico Buarque. A letra é atualíssima e minha possibilidade de resistência à opressão reinventa caminhos.
Vamos recomeçar?

Cara a Cara

Composição: Chico Buarque

Tenho um peito de lata
E um nó de gravata no coração
Tenho uma vida sensata
Sem emoção
Tenho uma pressa danada
Não paro pra nada
Não presto atenção
Nos versos desta canção
Inútil

Tira a pedra do caminho
Serve mais um vinho
Bota vento no moinho
Bota pra correr
Bota força nessa coisa
Que se a coisa pára
A gente fica cara a cara
Cara a cara cara a cara

Bota lenha na fornalha
Põe fogo na palha
Bota fogo na batalha
Bota pra ferver
Bota força nessa coisa
Que se a coisa pára
A gente fica cara a cara
Cara a cara cara a cara

Tenho um metro quadrado
Um olho vidrado
E a televisão
Tenho um sorriso comprado
A prestação
Tenho uma pressa danada
Não paro pra nada
Não presto atenção
Nas cordas desse violão
Inútil

Tenho o passo marcado
O rumo traçado sem discussão
Tenho um encontro marcado
Com a solidão
Tenho uma pressa danada
Não moro do lado
Não me chamo João
Não gosto nem digo que não
É inútil

Tira a pedra do caminho
Serve mais um vinho
Bota vento no moinho
Bota pra correr
Bota força nessa coisa
Que se a coisa pára
A gente fica cara a cara
Cara a cara cara a cara

Vou correndo, vou-me embora
Faço um bota-fora
Pega um lenço agita e chora
Cumpre o seu dever
Bota força nessa coisa
Que se a coisa pára
A gente fica cara a cara
Cara a cara cara a cara
Com o que não quer ver

4 comentários:

Katsuo Kento disse...

Podes sempre contar comigo e com minha espada minha linda. Juntos a gente tem sido e continuaremos sendo sempre forte. Beijo grande, te amo.

Franzé Oliveira disse...

Me ausentarei da blogesfera por uns dias. Sentirei saudades.

Beijos com carinho.

Moni disse...

Ola Ana to passando aqui pra ti convidar a participar de um sorteio no me blog.
Devido uma aposta que o Franzé perdeu vamos fazer um sorteio, adoraria que você participasse.

bjos
Espero sua visita
=]

Valdecy Alves disse...

Ana, a Cecília Meireles das crônicas, que fala do coração ao mundo. Grudada ao rochedo vocifera com o discruso da arte contra o mar tempestuoso do mundo que a oprime, semenado utopias nos ventos que farão chover sobre o mundo terrestre adiante.

www.valdecyalves.blogspot.com