quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Ser nuvem


Viver é perguntar e quando surgem as indagações faço o que meus ancestrais sempre fizeram: olho para o céu e lanço a pergunta. Provavelmente esteja olhando mais o céu agora e lançando meus porquês pela simpática influência do livro “filhos do céu” de Edgar Morin e Michel Cassé. Ou talvez porque meu amor dia desses olhou para mim um pouco chateado e disse que detestava os dias em que as nuvens povoavam o céu. “São dias tristes”, afirmou. O fato é que faça chuva ou sol, seja dia ou noite sempre gostei de olhar para cima, olhar para as estrelas, para as nuvens carregadas ou para o azulzinho do céu e sentir uma conexão espiritual, que me re-liga com minha origem e sei que compreender o sentido maior dessa re-ligação é o que vai me fazer tirar as vendas que ainda carrego, as vendas que, creio, todos nós, humanos, carregamos. Quando olho para o céu olho também minha interioridade, vislumbro o céu que me habita e vou aprendendo a me conhecer. E foi olhando para o céu nublado de ontem que recordei uma narrativa em forma de metáfora que um amigo querido utilizou para descrever sua concepção do que é humano: as pessoas são como nuvens, estão sempre em transformação. Fico refletindo e sinto que muitas vezes a gente gostaria que elas fossem mais firmes na forma como as identificamos. Que fossem sempre um lindo dia de céu azul, mas chovemos às vezes, ficamos carregados e cinzentos, somos tempestade, com raios e trovões até que as nuvens vão se dissipando e abrem caminho para o sol que sempre vem.
Imagem: fotografia Paulo Amoreira

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