terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Saudade insone


A insônia invadiu a cama.

Ativou minha entrada pelos fios da memória.

Cultivo meninices e sou sobrevivente da vida.

Sorrio e transgrido fronteiras.

Depois das camadas uma Rosa descansa.

Na viagem para o centro do eu está você.


A insônia invadiu a cama.

Você está lá trançando meus cabelos.

Teu olhar amoroso lembra um tempo que foi e sempre será (belo).

Minha casa tem perfume de jasmim e, no entanto, nada jaz em mim.

Tenho teu abraço, úmido laço alicerce que escorre por entre os dedos.

Teus braços são da terra agora.

Para mim a primavera é você.


A insônia invadiu a cama.

Tic-tac, tic-tac.

Tenho saudades do que não tive.

Sempre quis te pertencer.

No centro de mim está você.

Teu abraço laço seco.

Trincou, rachou, craquelou, infertilizou.

Não senti o calor do abraço que me gerou.

Para mim o deserto é você.


(Para vovó e papai, na seqüência).

Imagem: obra do artista Siron Franco.

8 comentários:

Ana Cristina Mendes disse...

choro contigo
sinto essa dor que não passa
esse choro contido que regride
essa vontade de mantê-lo, só pra não esquecer quem somos.

Amiga, somos quem somos porque sentimos, deixamos sentir, nos entregamos a essa insônia, olhamos ela de frente, conversamos com ela, mesmo que as guardemos em nossos "estojos de veludo" pra que não esqueçamos dessas conversas.

Tua arte é isso, tua arte transborda em mim e a quem tiver essa sorte.

Parabéns pela coragem e pela "fé" na tua verdade.

com amor,

sua amiga-ana-irmã

Ana Valeska Maia disse...

Aninha,
Você é linda!

Franzé Oliveira disse...

"Horas da noite
O sono pálido desapareceu
Fico na vigília do nada ..."

Bjos menina linda

Anônimo disse...

(jo)Ana amada,
Fui buscar em Quintana um poema para compartilhar saudades:
O Tempo e o Vento
Havia uma escada que pára de repente no ar / Havia uma porta que dava para não se sabia o quê /
Havia uma relógio onde a morte tricotava o tempo / Mas havia um arroio correndo entre os dedos [buliçosos dos pés / E pássaros pousados na pauta dos fios do telégrafo / E o vento! / O vento que vinha desde o princípio do mundo / Estava brincando com teus cabelos...
bjs sempre saudosos desse vento sempre em movimento,

Ana Valeska Maia disse...

Franzé e Jô,
grata pelas conexões poéticas.
Bjs estrelados.

LILÁS EM PRETO E BRANCO disse...

QUE LINDO PROFESSORA! PARABÉNS!ADORO PASSAR PELO SEU BLOG E SENTIR SUA SUAVIDADE NAS PALAVRAS,SEM QUE DEIXE DE PROVOCAR MEU ESPÍRITO POÉTICO COM TUA FÚRIA...
GOSTARIA DE TE MANDAR UMAS FOTOS MARAVILHOSAS QUE RECEBI SOBRE MEIO AMBIENTE! BEIJO GRANDE E VIVA A ESCRITA!

Andréia M. G. disse...

Lindo poema, gostoso de ler e de sentir.

Juliana disse...

Que lindo... Aproveitando, desejo a você um ano novo de muito amor, fé e força de vontade pra caminhar por trilhas muitas vezes árduas, mas necessárias para o aperfeiçoamento do Eu.

Beijos Aninha. Dá uma olhadinha no meu blog, flor. Beijos e Beijos.

www.saltoalto.2u.blog.br