segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Desejo


Assumo que sou irremediavelmente sentimental. Romântica mesmo. Vivo sonhando com o amor. Desde sempre. Esse sentimento (ou a busca dele) vai costurando minha vida, minhas relações, meus olhares. É irrefreável. Sentimental que sou, sofri muita pancada em 2008, por conta do amor (ou das distorções que os humanos fazem utilizando o nome amor) .
Como é final de ano, aproveito para ir me despedindo de você, 2008. Sem querer ser ingrata, pois o tempo trata de explicitar as lições que extraímos do que foi vivido, vou falando novamente, você doeu demais em mim!
Vou pedindo para ter sabedoria para lembrar, sem amargura, dos desejos não realizados, das frustrações, das traiçoes. Saber bem no fundo de mim que, mesmo os desejos não realizados, precisam de território e que talvez 2008 tenha sido um ano de semeadura e aprendizado.
Afinal, o que não foi também integra a vida, mas agora vá, 2008, com suas ausências e dores, cumprir seu ciclo, mas deixe a porta aberta para as esperanças nascerem em 2009.
Em 2009 desejo um nó(s) na minha vida. Não falo do nó que amarra, prende, imobiliza, impede um fluxo. Eu quero o nó poderoso, que protege, fortalece, que pode unir duas partes, dois corações, um laço de amor. Em 2009 eu quero um laço bem bonito e bem amarradinho com alguém especial.
Sim, eu sei ser feliz sozinha, aprendi a gostar de estar comigo, mas aprecio demais a felicidade compartilhada. Quero viver momentos simples com alguém. Quero levezas. Encontros sagrados. Sorrisos. Quero compartilhar mundos com pessoas que entendam a alma dos cronópios, que não tenham medo do amor, achando que amar com simplicidade é piegas, pois isso é muito ultrapassado.
Não esqueço quando meu amigo Warat explicou para mim os cronópios de Cortázar:
“Um cronópio é uma flor, dois são um jardim”:

Um cronópio, diz Cortazar, encontra uma flor solitária, no meio dos campos. Primeiro vai arrancá-la, mas pensa que é uma crueldade inútil, põe-se de joelhos a seu lado e joga alegremente com a flor, a saber: acaricia-lhe as pétalas, sopra-a para que baile, zumbe como uma abelha, cheira seu perfume, e finalmente deita-se debaixo da flor e dorme envolvido em uma grande paz. A flor pensa: “É como flor”.

Eu quero ter sempre em mim a alma dos cronópios.
Em 2009 quero ver florescer um jardim.
É possível, apesar de tudo, ver flores e amores em movimento.
Portanto, por tanto, eu desejo.


imagem: jardim da casa de Claude Monet

5 comentários:

eDu Almeida disse...

Mais uma vez estou aqui te acompanhando de perto. Essa despedida de 2008 sei não!! Acho que todo mundo sentimental tá escrevendo sua restrospectiva de 2008 e comigo não é diferente. Ah quero te dizer duas coisas.
1º Estou devorando seu livro, pois ele é ótimo, embora eu já soubesse disso antes de lê-lo e esse texto tem várias partes dele (o nó por exemplo) e,
2º Obrigado por me libertar, por ter aberto meus olhos, nunca vou poder mostrar à você o quanto fui ajudado por ti nesse semestre com lições que levarei por toda a minha vida. Seria você um anjo? Vai saber né?
Mas tb vou me despedindo de 2008 com minhas felicidades, frustrações e dando espaço àquilo que não aconteceu, pois isso também faz parte da vida.
Abraços
eDu.

Ana Valeska Maia disse...

Edu, ando lamentando muito 2008, mas tenho que reconhecer que recebi presentes neste ano e um dos presentes de 2008 foi você, seu carinho, sua amizade.
Nem preciso dizer que a sala de aula para mim é encantadora justamente pelos encontros de almas, como o que nós tivemos.
Estamos construindo, portanto, por tanto,um bom nó.
Que bom.

Anônimo disse...

Trago, deste 2008 que ainda teima em existir - e resistir (com suas dores, mas também, com seus amores; com suas frustrações, mas também com suas esperança)- uma de suas mais belas palavras:
"(Senti falta d)o olhar que busca encontrar meus mistérios.
(Senti falta d)o vento que bateu dentro de mim quando te vi chegar enquanto subia as escadas e o outro vento fazia uma bagunça em meus cabelos(...)(Senti falta d)os sorrisos que brotaram das cumplicidades nascentes". Que os ventos de 2009 (nos)tragam olhares, sorrisos e encontros amorosos.

Ana Valeska Maia disse...

É meu caro anônimo, que em 2009 os encontros, para todos nós, possam assumir sua condição, livremente, de grandes laços.
Bj no coração.

Tainá Facó disse...

Poxa, adoreeei seu blog. Seus textos. PARABÉNS! =]


Abraço,

Tainá. :)