Claro
que a expectativa de quem busca conhecer uma cidade como Florença é a de
encontrar muitas obras de arte valorosas. O museu mais famoso de lá é a Galleria degli Uffizi (Galeria dos
Ofícios). Um prédio dividido em cerca de cinquenta salas, nomeadas geralmente
pelo artista mais importante exposto. A ênfase do acervo é o Renascimento e lá
pude ver obras de Giotto, Piero della Francesca, Michelangelo, Rafael,
Leonardo, Botticelli, Ticiano e ainda Velásquez, Rembrant e Caravaggio.
Claro
que a emoção foi forte em cada sala percorrida, pois conhecer trabalhos de tantos
artistas fabulosos é algo único. No entanto, desde o início da visita, crescia o desejo de encontrar a obra “Judith
decapitando Holofernes”, (1612), da pintora italiana Artemísia Gentileschi. A
ansiedade aumentava durante o caminhar em cada sala e o olhar caçador buscava
encontrar esse tesouro, pois além da qualidade estética do trabalho, existia um
outro dado relevante: Artemísia foi uma
das poucas mulheres que encontrou reconhecimento no período, uma época em que
ser artista profissional era privilégio dos homens. (Falo um pouco sobre
Artemísia em meu livro Pulsão Irrefreável).
Quando
finalmente estava diante da tela, estava também no final da visita: era a
última sala do museu, a mesma que abriga a Medusa
e o Baco de Caravaggio. Então meus olhos
choveram, o peito doeu, o coração apertou. Estava no final do percurso e a
primeira e única obra assinada por uma mulher gritava diante de mim e com ela a
história de muitas outras mulheres, embutidas, silenciadas, cerceadas, proibidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário