domingo, 17 de abril de 2011

Vivências no Salão


Eu e Maíra Ortins posamos na foto acima na abertura do 62º Salão Nacional de Abril. Tenho uma história forte com esse Salão, pois cresci acompanhando suas transformações. Inicialmente como espectadora em várias edições, depois como artista selecionada, curadora e, finalmente nesta edição, como integrante do júri, acompanhada de duas pessoas que rapidamente criei afeição: Agnaldo Farias e Andrés Hernandez.

Passamos três dias em um processo intenso de seleção, foram mais de 600 artistas inscritos e nossa tarefa foi árdua para alcançarmos o resultado final. Privilegiamos os trabalhos comprometidos com a pesquisa aprofundada, sem abrir mão da ousadia na experimentação.

Convém ressaltar que a trajetória proposta nas recentes edições do Salão evidencia um processo de diálogo da cidade com a arte, quando indaga: "Qual o Lugar da Arte?". Da base situada na Galeria Antônio Bandeira e no Centro de Referência do Professor, ampliam-se os territórios de ação físicos e simbólicos para as ruas Senador Alencar, Major Facundo e Passeio Público, este último como um espaço emblemático da história da cidade.

O caráter de ampliação e de transgressão ganhou um relevo importante este ano, com a inusitada proposta do Salão acontecer também em uma unidade prisional, o Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira II – IPPOO II. Essa proposta tem sido forte pra mim, pois a questão carcerária no Brasil inquieta meu ser há vários anos. Sei que esta é realmente uma questão complexa, no sentido da palavra complexo, como o que é tecido junto. O que percebemos pelas convenções sociais é apenas a ponta do iceberg. Muito há para ser descoberto nesse cenário.

Pretendo refletir sobre isso durante um tempo. Sobre as relações existentes entre arte, cárcere, e sociedade a partir da intervenção dos artistas contemporâneos no IPPOO-II. Sexta estive no presídio para conferir os trabalhos instalados. Em breve comentarei minhas impressões neste blog.

6 comentários:

Andréa Beheregaray disse...

Ana querida, quanto tempo!

Fazia horas que não dava um pulo aqui, como vão as coisas por essas bandas?

Pelo visto trabalhando a mil, bacana.

Um beijo.

Ana Valeska Maia disse...

Andréa, que bom receber tua visita por aqui.
Sim, muito trabalho, muito mesmo.
Vou passear pelo teu blog já já.
Bjs.

mairaortins disse...

Que lindo texto Valeska.
Vamos fazer coisas relevantes para as pessoas excluídas. As ações do salão não param por ai.
Um beijo

maria mattos disse...

Prezada Ana,
É emocionante ver mulheres com atitudes como a sua...suas palavras lá no encontro dos curadores foram fortes...obrigada
com carinho
maria mattos

maria mattos disse...

Ana,
suas palavras no encontro dos curadores no dia 15 abril do 62ºSalão foram fortes...fico emocionada qdo encontro pessoas fortes e profundas ...
obrigada
maria mattos

Ana Valeska Maia disse...

Olá Maíra,
Olá Maria,
Mesmas letras compõem os nomes de duas mulheres maravilhosas.
Bjs para as duas.