terça-feira, 20 de julho de 2010

A busca da felicidade

Gosto de ler a tessitura das palavras de Zigmunt Bauman em suas reflexões sobre a liquidez contemporânea em termos de relações amorosas, medo, individualismo, consumo e vidas desperdiçadas em uma busca ilusória do que é a felicidade. Como ser feliz é inclusive o tema do mais recente livro de Bauman que adquiri (A Arte da Vida, Jorge Zahar, 2009). A busca da felicidade costuma ser nosso grande propósito de vida. Nessa busca muitos erram o caminho. Fábio Konder Comparato afirma que a felicidade é a recompensa de um esforço constante e bem orientado. Vejamos as palavras de sábios antigos que inclusive estão na introdução do livro de Bauman que estou lendo:


“Você não é uma entidade isolada, mas uma parte única e insubstituível do cosmo.

Não se esqueça disso.

Você é uma peça essencial do quebra-cabeça da humanidade”.

Epicteto, A arte de viver.


“É desejo de todo homem – viver feliz,

mas quando se trata de ver claramente o que torna a vida feliz, eles tateiam em busca de alguma luz;

de fato, uma medida da dificuldade de atingir a vida feliz é que, quanto maior a energia que um homem gasta empenhando-se por ela, mais dela se afasta caso tenha errado em algum ponto do caminho”.

Sêneca, Sobre a vida feliz.


Volto a afirmação de Fábio Konder, da felicidade como recompensa de um esforço constante e bem orientado. Você percebe como os saberes se entrelaçam? Da antiguidade à contemporaneidade temos a mesma busca da felicidade e tateamos no percurso para encontrá-la e, principalmente, preservá-la. A verdade é que ainda somos um grande mistério, mesmo com todo o desenvolvimento científico. Nosso futuro é incerto, mas a felicidade é possível. Para encontrar o caminho, caminhe, como nos fala o poeta Antônio Machado:


“caminhante, não há caminho,

faz-se caminho ao andar.

Ao andar faz-se o caminho,

e ao olhar-se para trás

vê-se a senda que jamais

se há-de voltar a pisar.”

2 comentários:

Franzé Oliveira disse...

A liberdade vem de não pensar em nada. Como desapropriar nossa mente desse mundo e ser livre? É muito sério. Não escolho palavras para falar. Não uso da prudência. Não posso ser desonesto. Não existe verdade. Isso é verdade? Então existe verdade. Para quer descutir. Ser livre é, como disse Pessoa, não pensar. Quando não se tem nada para lembrar, nada para perdoar e ser perdoado, nada a esconder nos faz estar em plena leveza, Livre. Mas, como não pensar em nada? Apagar nossa história? Portanto, só somos livres no ventre de nossas mães? Quando somos embriões? Ao nascermos se tornamos escravos. A vida começa a nos prender desde cedo. A ditar nosso rumo. Nunca mais seremos livres. Não somos livres. As nossas vontades e desejos sempre estão presos a algo. A própria necessidade de comer já nos prende. As outras necessidades, passamos a vida pensando como conquistá-las. Criamos laços e história. Adeus liberdade. Quem segue seus próprios passos é quem mais se aproxima da liberdade. Quem assim aje é visto pelos outros cárceres da vida como loucos. Desligue a TV, desligue o som, pare de pensar e vá ser livre. Entende? Ai sim podemos encontrar a felicidade plena.

GUINA disse...

... e enquanto passeio pela terra vendo indiferentemente carros que passam, anúncios de liquidações e modas simultaneamente inventadas, vou observando a morte lenta e gradativa da sociedade. Pessoas em toda parte do mundo, aos milhares, como que dependuradas em postes ou pregadas em cruzes. Não que tais criaturas estejam morrendo ou sendo mortas defendendo os interesses ou ideais daquele que por aquele que pregou o Amor entre os homens e a Justiça material na terra. Não! As pessoas estão sendo como que esticadas em postes ou em cruzes porque vem se tornando assustador, diariamente, o número de almas mortas, empurradas nas valas do egoísmo, do materialismo, da concupiscência da carne e das formas monstruosas de violência física, psíquica e moral, graças à potencialização da vaidade nos homens estimulada pelo apogeu de uma cultura moderna irresponsável que vem sendo implantada pelos impulsos neuróticos e psicóticos de uma ultra-modernidade industrial e técnica que vem destruído os valores morais e estéticos erguidos do passado remoto por não servirem como princípios ou pressupostos para estimular compulsivamente o consumo pelo consumo, sob o apoio de um sistema jurídico e político mundial comprometido mais pelo materialismo do que pelo humanismo.



A MORTE SOCIAL




Temos lágrimas dos amores fingidos
que nos beijos o amor fora prometido
e acustumando-se a alma a esse riso
não imagina o vasto coração partido

e cresce pelo mundo rios de lágrimas
do homem pelo homem assim doentil
as promessas de felicidade recíproca
e que se desfazem logo mutuamente


Temos as dores de amores simulados
doença que pelo mundo se espalha...
nossas novas Nagasaki, Hiroshimas

crescente é a troca de amor por outro
o das intenções vazias sobre o corpo
e essa estúpida ganância pelo dinheiro.


Guina