quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Aqui e agora


Aqui é o céu. Aqui é o mar. Aqui pode ser também lua, estrelas, árvore, floresta, casa, a minha casa, ou talvez aqui pode ser a tua casa. Aqui podem ser os olhos do ser amado ou as palavras de uma poesia. Aqui pode ser um filme de amor, ou um sorriso, quem sabe um retrato antigo, uma pintura, um espelho. Aqui pode ser você. Aqui pode ser uma coleção de cds, várias borboletas, uma revoada de pássaros, um lago, um parque, um sorvete de tapioca. Aqui pode ser criança, cachorro, gato, flor, espinho, rede na varanda, tinta, pincel. Aqui é verde, vermelho, azul, amarelo. Aqui é mistura de cor. Tudo pode ser aqui.
O agora pode ser alegria, encantamento, agora pode ser florescer de sentimento, agora pode ser luz, certeza de caminho, saudade. Agora pode ser o bem, a serenidade, o amor, o agora é o ser.
O aqui e o agora são sempre aqui e agora. Eles sempre são.

Meu aqui é sofá do escritório, computador, café preto e meu agora é pensamento nos percursos para encontrar o sentido da fenomenologia do espírito, de Hegel. Esse camarada andou escrevendo sobre o ser e o não-ser e são palavras que me enovelam, pois quero captar-lhes o sentido, como o pensamento sobre o sensível, que o que vemos, é, logo a seguir, o que não é. Se o “aqui” é flor, podemos, no momento seguinte, ter uma realidade completamente diferente, que ainda é “aqui”.
Aqui pode ser jardim ou pode ser deserto.

Hegel também andou falando da unidade dialética, do finito compreendido a partir de seu oposto, o infinito, o universal. Viajando pela dialética penso que estamos em um momento de negação e superação de uma determinada ordem. Com certeza estamos! Hoje participei da gravação do programa Viva, da Tv O Povo e lancei um comentário otimista sobre nosso futuro (apesar do tema ser o ano de 2012 e as teorias acerca do fim do mundo!) Sabemos que a humanidade anda infectada com uma severa crise de percepção, muito apegada com o modelo capitalista desenvolvimentista, apartada da natureza, iludida pelo espetáculo, pelo hedonismo, mas nosso momento de crise pode ser o fim de um ciclo e surge como uma oportunidade de superação. Estamos, creio, no ponto de mutação, na iminência da virada da onda.

E nesse agora que me habita me vejo aqui como a Terra. Sinto a Terra. A Terra sou eu, é a minha respiração, o meu olhar, a minha voz, tudo está entrelaçado no universo e eu ando pelo mundo prestando atenção em cores, unida a todos os seres que integram o universo, cada dia mais consciente que a música que escuto é a sinfonia da Terra e que sou um fio na grande rede da vida. O que quer que façamos à Terra, faremos a nós mesmos. Esse é o nosso aqui, o nosso agora.
Que seja tessitura boa, como jardim!

Nesse momento, o meu agora, o meu aqui, é o mundo.

10 comentários:

Franzé Oliveira disse...

Não seu aonde é aqui. Pode ser qualquer lugar, né?
Suas palavras simples desenharam a levesa da vida. O agora pode ser realmente alegria, mas pode ser tristeza também. Na certeza que amnahã a alegria retornará. O meu agora é saudade. Meu agora é sentimento que tornura minha alma. Poderia ser diferente. Nesse momento meu agora é deserto.

Bjos menina.

Anônimo disse...

(Jo)Ana,
Fiquei sem ar, sem chão, lendo esse belo texto que é prosa, poesia, teoria, razão, sentimento, mundo, gente, vida, saudade, sonho, esperança... amor. Tudo junto. Tudo entrelaçado pela tessitura desse sensível bordado de palavras que só uma tecelã como você é capaz. Aqui e agora, somos a Terra que respira. Por isso, fui buscar um curto, mas, belo filme que nos faz ver e sentir a respiração da Terra, para retribuir o presente que foi para mim o seu texto. Veja: http://www.kewego.com.br/video/iLyROoaft8sD.html
Beijo grande e, cada vez mais, saudoso.
Jô.

Ana Laís disse...

Nossa fiquei sem palavras ao ler este lindo texto...
beijos =*

Ana Valeska Maia disse...

Oi Franzé o que é aqui e agora amanhã pode não ser mais. O teu próximo agora poderá ser um jardim bem florido, é o que desejo pra você.
Jô, grata pelo bordado de palavras.
Ana Laís querida, bom receber tua visita.
Bjs pra todos!

Poesias e Pensamentos disse...

Que lindo!Estou adorando o círculo da poesia! Muito bom, mesmo.
Aninha linda, depois dá um rolé nesse blog e deixa lá um comentário:
http://saltoalto.2u.blog.br/

Bjinhos

Poesias e Pensamentos disse...

Que lindo, Ana!Adorei. Estou amando o círculo da poesia! Muito legal a iniciativa.
DEpois dá um olhada nesse blog, Aninha:
http://saltoalto.2u.blog.br/

Deixa um comentário por lá.

Bjinhos

Florêncio E. disse...

Um aqui e agora com bastante amor, com uma injeção de consciência, sorvete de tapioca, com cuidados que são fundamentais a vida para com a nossa casa-mundo e a semeadura de um jardim bem lindo, um jardim colorido cheio de flores, borboletas e alegria.

Te adoro Ana-flor
beijo.

Ana Valeska Maia disse...

Bjs calorosos para vcs meninas!
Juliana e Eulândia-flor.

Jane Eyre de Melo disse...

Ana Valeska,
Parabens pelo lindo blog.
Bem tocante o seu escrever.

Tive um professor de filosofia que falou uma vez e eu nunca esqueci (acho que sobre uma idéia de Platão), de que o universo é tudo o que existe, mas não tem consciência de sua grandiosidade e a única grandeza da pessoa é saber de sua insignificância perante todo o espaço e tempo universal. A vida mesmo é mutante, sendo por isso fatal o dia em que chegue de nossas melhores respostas de ontem (que continham todos os significados e o próprio valor que atribuíamos a nós mesmos) não significarem mais nada no dia de hoje, ou melhor, o passado será sempre nocivo ao presente se impor suas repetições de velhas fórmulas passadas.
Então...eu desejo que cada vez mais vc tenha a consciencia de sua grandiosidade.
Beijos
Jane Eyre

Ana Valeska Maia disse...

Jane querida, fico imensamente feliz com tua visita!!!!
Bjs.