terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O amálgama da vida

As asas continuam por aqui. O movimento é encantador, tão perfeito, cintilando, cintilando, colorindo o quarto com luzes azuis de várias tonalidades que mais parece ser a execução de uma coreografia ensaiada por toda uma vida. Uma brisa fresca e perfumada invade o quarto pela fresta da janela. Joana surpreende-se com o som que envolve tudo, com nuances suaves que anunciam a criação do clima adequado para o show da borboleta. Um grande espetáculo apresentado só para ela. Joana tem o merecimento do que agora presencia porque ainda anda por aí catando sonhos. Precisa de algo maior do que a realidade para caminhar, para sustentar seus passos, para ter fôlego e continuar a jornada. Afinal, o sonho é completo e a realidade será sempre mutilada. O sonho é o amálgama da vida e por isso Joana ganhou um par de asas azuis para que ela não desistisse deles, dos sonhos. Joana precisa tecer caminhos novos, com olhares mais altos, com visões de sobrevôo. O caos, as inundações, o mergulho, a queda, as provações, todas as mutilações vividas foram processos necessários. As asas precisam ter encaixe. As provações são as escultoras dos encaixes das asas. Para receber asas Joana foi uma criatura aquática, disposta a correr o risco da asfixia em um líquido amniótico que não era mais o da mãe. Respirar pelo líquido da mãe significa permanecer criança e Joana quer crescer. Quer o encontro com seu fluido essencial, quer o amálgama, quer aprender a respirar por dentro, a viver sem medo de si. Joana quer a escuta autêntica do coração, sem a qual é impossível a liberdade. O amálgama é a liga que junta os pedaços para construir um novo ser. “Agora novamente a estrela brilha dentro de mim”, diz Joana. Voa, voa, Joana, pois não há começo nem fim, viva os momentos, os fluxos, as passagens, os processos, os recomeços e veja que o dia de hoje é uma oportunidade luminosa para recomeçar tua busca, minha estrela!

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